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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Ser feliz ou estar certo?

 Escuto Elis. Hoje é um daqueles dias que eu tô tão down que nem o high society me ganharia. E o pior é que o friozinho do ar-condicionado e o silêncio ao redor não ajudam em nada. Li uma frase de autoajuda e piorei. A única coisa que me deixa realmente triste além de doença na família, falta de dinheiro, de amor, de sexo, de comida, de sono, excesso de sono, cansaço, dor de dente, e uma infinidade de coisas é um texto de autoajuda. Não tem coisa pior.
 Pensei em ler um romance, mas ainda tenho um fiozinho da enxaqueca de ontem. Vou tomar um analgésico. Isso. Quem sabe minha tristeza não é reflexo da dor de cabeça? Algo me diz que não, mas não custa nada tentar.
 Alguém me pergunta se estou bem. Respondo que sim enquanto meus olhos se fixam em algum ponto distante. O que há de errado comigo hoje? Estava ótima ontem pela manhã! Ontem não, anteontem. Ontem a manhã já estava prenunciando que o resto da semana seria de quartas-feiras de cinzas.
 Li em algum lugar que isso também passa. Passa, mas volta. Grandes coisas!
 Não me considerem quando estou casmurra. Sou pior que o Bentinho e o Machado juntos! Quem me conhece sabe bem. Não é TPM, FMI, IPVA, T3, T4 livre, IPTU, nada disso. É uma lacuna desgraçada lá no fundo do peito, aquela vontade de passar a tarde fazendo nada com alguém que fale de filosofia, de MPB, de política, enquanto te prepara uma porção dupla de pipoca doce e coloca um filme do Tarantino no DVD. Amo a minha própria companhia, mas tem dias que ela não me abraça forte.

 Sei que estou divagando, mas isso tudo tem um propósito. Não estou só compartilhando com vocês o meu calundu de hoje. O que eu quero mesmo dizer é que é verdade que há uma distância entre ser feliz e estar certo. Os tolos são mais felizes. Ou pensam ser. O fato é que precisamos ter certeza de que há razão no que defendemos. Porque, perder a chance de dar boas gargalhadas com as pessoas que amamos é algo raro e maravilhoso. É preciso algo mais raro ainda e mais maravilhoso para que valha a pena pagar o preço: e o nome é consciência tranquila.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Savana.

Gosto da palavra
savana.
Não sei exatamente
o motivo,
algo de liberdade,
de chuva caindo
na tarde ociosa.
Algo de afago de gato
entre pés sob a mesa.
Achava eu, savana,
era sinônimo de almofada.
Olho na cara da palavra
e vejo uma almofada
gorda e macia
no cento de onde quer
que tenha sido posta.
Savana, pra mim,
é aconchego da casa.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Cereja.

São antiinflamatórias!
Diria o médico e
o hipocondríaco.
(Quando não são
a mesma pessoa,
claro!).
São decorativas!
Diria Brunet,
filosoficamente.
São gostosas e
suculentas!
Diria o feirante
a fim de acabar com seu
estoque do dia.

Pois direi a vocês
quem somos,
nós, as cerejas
carmesins:

- Somos pequenas
bolas de sangue,
do sangue que verte
entre os que fervem.
Somos ouro vermelho,
raro,
lúdico.
Somos pequenos mundos
eclodidos
na mordedura fatal
e libertadora.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Ilusão (Di)alética.


Fartas porções à mesa,
do café da manhã.
Pedaços espalhados
sobre a pia
da cozinha.
Caquinhos na calçada.
Não digo nada
ao passar distraída
entre eles.
Há mais pedaços
de você aqui
que em você mesmo?
Ou tudo não passa
de ilusão
do meu coração vesgo?!

sábado, 3 de janeiro de 2015

Apenas mais uma do calor.


São três da manhã
em Copacabana
e faz 29°.
Assim não há jeito,
e até o amor
vai pra International Falls!


P.S.: Esse poemeto se refere à madrugada de 02.01.2015, quando os termômetros marcaram 29° em Copacabana às 3h.
P.S.: International Falls é um dos 8 lugares mais frios do planeta, com temperaturas que podem chegar a -40°.

Poema de fim de noite.


Sem chance!
Nem com mil
amores-perfeitos
te abro meu peito!
Prefiro o silêncio
do "modo avião"
pro meu coração.
Espere.
Um dia, quem sabe,
Abracadabra(!)
E a porta se abre?
Não sou mais criança,
mas minha esperança
acredita em magia.
Quem diria!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Poeminha para o recomeço.

Oportunidades
são vitórias régias
boiando,
enigmáticas e tranquilas,
na superfície da vida.
Convidativas.
Suportam sobre si algum peso,
mas não todos.
É saber dosar,
saber onde pisar,
escolher o que carregar
sobre os ombros.
Oportunidades
também são pássaros,
leves e emplumados
sobre galhos ressequidos.
Não são capturáveis.
São raros e fugazes,
e só pousam entre os dedos
dos escolhidos.